Como em todos os anos, há mais ou menos uns 20 anos, eu assisto a todos os desfiles das Escolas de Samba. É claro, que como boa carioca, eu tive um pouco de resistência em acompanhar os desfiles de São Paulo. Mas, percebi que eu podia largar esse tipo de preconceito e em um ano, que nem me lembro qual foi, resolvi dar uma olhada para analisar com os paulistas faziam o Carnaval no sambódromo. Fiquei muito surpresa e resolvi acompanhar desde então. Lógico, que não posso deixar o bairrismo de lado nessa ocasião e o Carnaval do Rio de Janeiro é uma festa para o mundo todo!!! Uma junção de todos os cantos desse nosso Brasil e com as cores do mundo!!!
Como disse anteriormente, eu realmente vi o desfile do grupo especial de São Paulo e vou fazer pequenos comentários sobre a escola que mais me emocionou. Desculpem-me não falar de todas, mas apontarei a agremiação que me arrepiou de fato.
TOM MAIOR – a Escola veio com o enredo sobre Angola e fazendo alusão ao carnaval da Escola Vila Isabel (1988). A comissão de frente causou grande impacto na avenida, pois estava representando o drama dos africanos durante as guerrilhas naquele país. O carnavalesco Marco Aurélio Ruffinn não mostrou o povo africano como sofredor durante o desfile, nem quis representar escravos acorrentados, ele trouxe a história de um povo guerreiro, que lutou pela sobrevivência. Essa perspectiva foi focada na trajetória pela independência do povo angolano. Sem contar, a homenagem feita ao ilustre mestre da Escola Vila Isabel - Martinho da Vila. Foi emocionante.
A CAMPEÃ DE SÃO PAULO FOI A MOCIDADE ALEGRE.
Breve comentário: A TUCURUVI também fez um lindo desfile e mostrou a dicotomia entre o Sagrado e o Profano. A comissão de frente mostrou a coroação de Nossa Senhora e a anunciação do arcano Gabriel. O carro abre-alas estava lindo, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
CARNAVAL DO RIO DE JANEIRO
Esse carnaval do Rio mostrou como as Escolas de Samba precisam da alma do povo que ama o samba para fazer um grande desfile. Apesar da crise mundial, o nosso carnaval conseguiu mostrar um belo espetáculo.
Diferente dos comentários anteriores, falarei de todas as Escolas que desfilaram na Marques de Sapucaí.
Os desfiles de Domingo:
IMPÉRIO DA TIJUCA – Reeditou o enredo de 1977, “O mundo de barro de mestre Vitalino”, que homenageia um escultor de Pernambuco. Como já era um samba conhecido pelo público, funcionou muito bem na avenida e conseguiu animar a arquibancada. O carro com a escultura de Iemanjá estava muito interessante, representando os barcos com as oferendas que são jogadas ao mar. A Escola veio do grupo de acesso e lutou para permanecer no grupo especial.
GRANDE RIO – Trouxe o enredo “Voila, Caxias! Para sempre Liberte, Egalité, Fraternité. Merci beaucoup, Brésil! Não tem de quê!” A escola homenageia 2009- O ano da França no Brasil. O carnavalesco Cahê Rodrigues quis mostrar a influência da França na construção do Rio de Janeiro através da arte e da urbanização da cidade. O carro carnaval de Rua de Nice estava lindo e muito animado. Não podemos deixar de comentar a presença de Suzana Vieira com a fantasia representando o Sol. E a barriga da rainha de bateria Paola Oliveira (atriz)? Era de matar de inveja. Linda! E as roupas do Mestre - Sala e da Porta - Bandeira? Custaram 200 mil reais, mas achei que parecia luz de árvore de Natal...
VILA ISABEL – A Escola veio com o enredo “Neste Palco da Folia, é Minha Vila que anuncia: Theatro Municipal - a Centenária Maravilha”. A Vila mostrou a história do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e algumas óperas e espetáculos que fizeram parte do teatro. O carro com a representação da ópera AÍDA - de Verdi, trouxe o cenário egípcio do espetáculo. No carro havia 400 componentes da escola fazendo uma coreografia. O carnavalesco Alex de Souza usou desse artifício em vários outros carros da escola, como o do Lago do Cisne, para dar movimento às alegorias através dos gestos dos bailarinos. Pausa dramática: a Mulher Melão veio com a fruta de fora!!!
MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL – Com o enredo “A Mocidade apresenta: Clube Literário Machado de Assis e Guimarães Rosa... Estrelas em poesia!” o carnavalesco Cláudio Cavalcante trouxe para a avenida a obra de dois mestres da nossa literatura brasileira, mas embora seja um assunto que faça parte do meu dia a dia e eu conheça muito bem, eu não me sinto capaz de interpretar o que se passou na cabeça do carnavalesco, mas não senti que o enredo foi bem representado nas alegorias. Achei que a Mocidade veio simples demais e com as mesmas características de todos os anos, que já está na hora de mudar um pouco. O neon verde e os tons da cor que a escola mostra já está ficando muito repetitivo. Não sei direito o que não me agradou nesse desfile, eu esperava mais... Breve comentário: O carro abre-alas atropelou o coitado do carnavalesco, que foi parar no hospital...
BEIJA - FLOR - Os Carnavalescos Laíla, Alexandre Louzada, Fran Sérgio e Ubiratan Silva troxeram pra avenida a história do banho e a relação do homem com essa descoberta feita pelos povos antigos. O enredo mostrou as diferentes formas do banho como: o banho de loja, a limpeza, a religião... Como essa atividade está presente no dia a dia das pessoas, em diferentes épocas e lugares do mundo. Da origem no Egito com a Cleópatra no primeiro carro até a falta de banho na Idade Média que acabou causando várias doenças. O último carro veio com os Orixás que representaram a alma lavada. Breve comentário: o casamento do Neguinho da Beija-Flor no sambódromo foi bonito, teve até o presidente Lula como padrinho... pois é!!! A escola estava bonita, mas eu não tenho muita simpatia por ela não.
OBS: Vi o cartola lá no desfile sambando com o cartola mor o Boni hehehe (detalhe de bloguete).
UNIDOS DA TIJUCA - O Carnavalesco Luiz Carlos Bruno mostrou na avenida a idealização do enredo: Tijuca 2009, uma odisséia sobre o espaço. Tenho "céu" com tema, a escola mostrou diferentes perspectivas sobre o assunto como: o céu das estrelas, o céu do deuses, o céus das crianças (falando dos heróis infantis), o céu das lendas e superstições e o do conhecimento. Breve comentário: eu não me empolguei muito com esse desfile e acabei dormindo e não assisti até o fim... Ah, vi que a roupa da Adriane Galisteu estava bem bonita. Ela veio na frente da bateria.
PORTO DA PEDRA - Com o enredo “Não me proíbam criar, pois preciso curiar! Sou o país do futuro e tenho muito a inventar!” de Max Lopes, a Grande Rio foi a primeira escola que entrou na avenida na segunda-feira. O desfile veio falando de descobertas que aconteceram durantes os anos pela curiosidade do homem. Breve comentário: me perdoe mestre Max Lopes, pessoa que tenho enorme respeito e admiração... um mestre do samba, mas não consegui assistir ao desfile e acabei dormindo... Mas vou buscar pela internet e volto para comentar depois.
ACADÊMICOS DO SALGUEIRO - A escola da Tijuca entrou e animou a galera na sapucaí, com um enredo que parecia simples: o Tambor, a agremiação realizou um belo desfile, com alegorias perfeitas esteticamente. Sem contar a linda contribuição da comunidade e dos demais participantes que representaram a escola com o gogó afinado durante os 82 minutos na avenida.
O Salgueiro mostrou como o tambor faz parte da vida do ser humano desde os primórdios de vida na terra e como esse objeto esteve presente no dia a dia, nos rituais religiosos, no folclore, no samba... dos tambores antigos até as latas. Breve comentário: Carlinhos Brown deu um show no carro com as latas e batendo se tambor, a bateria veio com atabaques e o último carro veio homenageando as demais escolas de samba com a presenta dos puxadores de samba de algumas escolas e a figura do grande mestre Louro. Achei um belo exemplo de convivência pacífica... Destaque para o puxador Quinho que é inconfundível quando grita: " Aaaaaaarrreeepia Salgueiro! Pimba pimba! Que lindo! Que lindo!"
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE - A carnavalesca Rosa Magalhães apresentou a história do bairro de Ramos e homenageou os 50 anos da Imperatriz. A escola trouxe para a avenida o berço do Samba e o Bloco mais tradicional do Rio de Janeiro: o Cacique de Ramos, com Elimar Santos representando o cacique. Breve comentário: achei o desfile bem animado. A comissão de frente estava ótima, o sambista gordinho de biquini e fazendo alusão aos domingos na praia de Ramos foi demais!!! E os bate-bolas??? Quanto tempo não via um... lá na comissão de frente tinham vários!!! Só achei que a galera não cantou muito durante o desfile...
PORTELA - O enredo da escola foi: "E por falar em amor, onde anda você?", e a agremiação falou do amor na avenida, mas e não sinto muita emoção ao assistir ao desfile da Portela, acho que é uma "birra" antiga que eu tenho... Sei lá eu nunca fui muita fã mesmo, entretanto, esse foi o primeiro ano que achei que a águia(símbolo da escola) estava realmente linda. Tudo bem que e achei meio estranho a cabeça de cachorro na frente dela... Ah, a Luma de Oliveira parecia pobre, não gostei da fantasia dela e as musas estavam dando um banho nela...
ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA - O enredo " A Mangueira traz os Brasis do Brasil mostrando a formação do povo brasileiro", foi inspirado no livro de Darcy Ribeiro "O povo brasileiro, a formação e o sentido do Brasil". Vale a pena ser lido e fazer uma reflexão sobre a visão desse antropólogo incrível. Com o refrão do samba "...É sangue, é suor e religião/Misturas de raça num só coração...", a Mangueira mostrou a formação do Brasil desde o "achamento" pelos portugueses do paraíso perdido na Terra, passando pela contribuição do negro na nossa formação. A escola mostrou o povo das cinco regiões do país e suas manifestações culturais... o "povo" foi o centro do enredo da Estação Primeira.
Breve comentário e emocionado: Mangueira é minha paixão, minha escola de coração!!! Quando entra na avenida deixa minha alma em estado de graça, uma emoção que dura cada segundo de desfile pela Sapucaí... um sonho que arrepia a alma! SALVE JAMELÃO! Minha mangueira querida!!!!!!!!!! Pronto, falei!!!!!!
UNIDOS DO VIRADOURO - A escola veio falando da Bahia através de um misticismo caracteristico, o carnavalesco Milton Cunha evoca o poder dos Orixás para mostrar a ecologia, as fontes de energia que podemos encontrar nesso nossso país... "O dendê como combustível". Breve comentário: não me sinto muito a vontade em interpretar o carnaval do grande carnavalesco Milton Cunha. Essa pessoa é um exemplo de inteligência e sou muito fã do trabalho dele, além de assistí-lo sempre no programa Sem Censura da Leda Nagle na tv Brasil. em dia vou conhecê-lo!!! Ah, falando do desfile... senti falta da Juliana Pães na bateria, eu e o povo todo da Sapucaí!
Queridos, eu sei que saí um pouco do tema do blog, mas o carnaval é muito importante para mim. Não como zuação e agito, mas como uma grande confraternização de povos e crenças... a união para celebrar a alegria e os Desfiles me encantam muito. espero ter conseguido passar um pouco do meu encanto por esse momento mágico para vocês.... E meu sonho é ser carnavalesca heheheheh, se bem que se eu fosse jurada eu ía gostar muito!!!
Beijos... Jú prof.
